Sobre Direitos e Deveres

“Contudo, quando prego o evangelho, não posso me orgulhar, pois me é imposta a necessidade de pregar. Ai de mim se não pregar o evangelho! Porque, se prego de livre vontade, tenho recompensa; contudo, como prego por obrigação, estou simplesmente cumprindo uma incumbência a mim confiada.” I Coríntios 9.16-17

 

Sou do tempo do Código de Defesa do Consumidor (CDC). Nasci em 1989; o CDC, em 90. O surgimento do Código foi um importante marco legal para garantir a proteção ao consumidor e fornecer aos indivíduos mecanismos capazes de exigir seus direitos.

Nesse contexto, minha geração aprendeu a ser consumidora antes de ser cidadã. Explico: como consumidores, somos levados à crença de que “o cliente tem sempre razão”. Quando contrariados, sabemos usar todos os instrumentos disponíveis: Serviços de Atendimento ao Cliente, Procon, Ouvidoria, Reclame Aqui. Para defender o que é nosso de direito, berramos nas redes sociais nossas insatisfações com produtos, serviços, empresas, Governo, tudo.

Direitos e mais direitos. Queremos, reivindicamos, reclamamos, lutamos por eles. Mas quando se trata de nossos deveres? Temos o mesmo engajamento e responsabilidade com nossas obrigações?

O texto bíblico me convida a olhar para o meu compromisso com o dever de pregar o evangelho.  Paulo não profere palavras de exortação aos coríntios dizendo “Ai de vocês se não pregarem o evangelho”. O apóstolo olha para dentro de si e nos revela seu profundo comprometimento com a missão. Além disso, seu senso de dever não advém de uma espera por uma recompensa futura ou de um direito a ser conquistado. Paulo empenha-se em cumprir sua obrigação simplesmente porque lhe foi incumbida essa missão e cabe a ele obedecer.

Em nossa sociedade de consumo, espero sempre ser servido, pois eu tenho direitos. Na lógica do Reino, cabe a mim servir aos outros, cumprindo fielmente o dever de pregar o evangelho em plena obediência ao Pai.