Convivência

“Não rogo que os tires do mundo, mas que os protejas do Maligno. Eles não são do mundo, como eu também não sou. Santifica-os na verdade; a tua palavra é a verdade.” João 17.15-17

 

A parábola do trigo e do joio evidencia a distinção entre apenas dois tipos de pessoas no mundo. De acordo com a explicação dada pelo Mestre em Mateus 13.37-43, compreendemos que o trigo representa aqueles que são filhos de Deus; já o joio, os filhos do Maligno. É assim. Preto no branco. Não há um terceiro tipo. Ou sou trigo ou sou joio.

Mas tudo não é tão simples como parece. Ao ler a parábola, observa-se que a distinção existe e é real, porém não é tão visível assim. Trigo e joio se mesclam na paisagem de tal forma que o dono do campo proíbe seus servos de arrancarem o joio antes da colheita, pois esses poderiam acabar levando junto também o trigo. Somente no tempo da colheita, com as plantas já maduras, o destino de cada uma seria traçado: ao trigo, reserva-se um lugar no celeiro do seu dono; para o joio, a fornalha ardente.

Agora, entre a semeadura e a colheita, há um grande desafio: a convivência. O trigo e o joio dividem o mesmo espaço. Os filhos da luz e os filhos das trevas partilham dos mesmos lugares, eventos, atividades, tudo. Por vezes, o joio está inserido até dentro da própria comunidade de fé como advertido por Cristo: “Cuidado com os falsos profetas. Eles vêm a vocês vestidos de peles de ovelhas, mas por dentro são lobos devoradores” (Mateus 7.15).

Diante da convivência inevitável entre joio e trigo, as palavras de Jesus – em sua oração sacerdotal descrita em João 17 – iluminam a conduta de seus discípulos. Cristo intercede para que os seus sejam protegidos do mal. Vejam bem. Ele não ora para que os seus sejam retirados deste mundo, o qual inclusive “jaz no maligno” (I Jo 5.19). Como bem exposto na parábola, ainda não é chegado o tempo da colheita, de separar trigo do joio.

Agora como fica, então, a conduta dos filhos de Deus? Na oração de Jesus, ele roga ao Pai que os seus discípulos sejam santificados na verdade, que é a palavra de Deus. Nossa missão é ser sal no mundo; é ser luz no mundo. Para os filhos de Deus, o caminho da convivência vem da santidade que se constrói pelas escrituras sagradas.