Um ato de insanidade

Você não devia ter tido misericórdia do seu conservo como eu tive de você?” Mateus 18:33

 

Parece-me que o perdão caiu em desuso em nossos dias. Porque não nos falta tribuna, todos falam o que bem entendem e rebatem como bem querem. Assim, amizades são desfeitas, laços são quebrados, amarguras são alimentadas. Passar despercebido por alguma ofensa, por mais indireta que possa parecer, pode ser considerado como um sinal de doença grave. Numa sociedade na qual o discurso de amor próprio reina inabalável sobre o trono da insensatez, abrir mão do direito de se indignar e se vingar contra o outro é uma atitude lastimável, abominável, insana.

Certa ocasião, Jesus fora indagado a respeito do perdão. Seus discípulos ainda não compreendiam a dimensão do que o Mestre lhes ensinava. Não entendiam o tamanho do perdão que por Deus lhes fora dispensado. Com uma parábola Ele lhes mostrou como eram pequenas as faltas dos nossos irmãos comparadas às nossas próprias que foram anuladas pelo Deus Todo-Poderoso. Porém, percebemos bem escondida uma verdade que somente o crente verdadeiro conseguirá descobrir.

Aquele que conhece os próprios pecados e está consciente de sua total indignidade diante do Rei consegue mensurar o tamanho do perdão que lhe foi oferecido, sendo também capaz de olhar para o próximo com a mesma misericórdia que lhe foi atribuída. Por outro lado, aquele que não percebe ou não foi alcançado pela graça, reivindica o direito de reter o perdão a todos o que lhe são faltosos. Portanto, apesar de o perdão estar disponível por meio do sangue de Jesus, nem todos conseguem reconhecer nisso sua completa liberdade para perdoar qualquer ofensor. Então, se, enquanto cristãos, tivermos dificuldades para perdoar os outros, é necessário pedirmos que o Senhor nos mostre a imensidão do perdão com o qual fomos presenteados. Que em tempos de vingança e ódio sejamos o bom tempero e a luz que brilha dispensando a todos o mesmo perdão que nos foi dado, por mais insano que isso possa parecer!