O Perdão que gera arrependimento sincero

“Graças, porém, à tua grande misericórdia, não os destruíste nem os abandonaste, pois és Deus bondoso e misericordioso” Neemias 9:31

 

Sempre busquei uma mudança comportamental que validasse minha vida de santificação como uma espécie de “chancela gospel”, que me traria uma consciência tranquila, livre dos males emocionais. Minha voz interior dizia: “ah, agora posso dormir tranquilo, pois o ritual foi concluído”. Porém, o medo e dor provocados pela culpa insistiam em permanecer comigo. Talvez o seu pecado esteja sempre à sua frente, trazendo à memória a lembrança do registro de seu coração. 

Livrar-se da culpa não é fácil. Desacreditar do perdão recebido é uma tônica recorrente para muitos. Cremos, por vezes, sermos capazes de romper, por nossos próprios esforços de “santificação” a barreira do pecado e, sobretudo, do arrependimento sincero. Mas sozinho – motivado por um rito comportamental de uma cartilha de fazeres – eu não sou capaz, por mim mesmo, de confessar meus descompassos e lidar com minhas tragédias, resultantes de uma natureza caída. 

Percebi então que quanto mais me aprofundava no conhecimento bíblico mais eu me convencia do meu abismo existencial e da ruína que meu pecado representara. Em outras palavras, quanto mais eu conhecia a Deus – bondoso, justo, rico em misericórdia – mais eu me conhecia enquanto pecador, indigno, miserável. Compreendi que, apesar dos erros, o desejo de ser melhor e o sentimento de arrependimento soam como a brisa em um florido dia de primavera. Uma autêntica manifestação que somente a maravilhosa Graça de Deus poderia me proporcionar.

O contato com a verdade que nos liberta de nosso sentimento de culpa nos leva a um arrependimento sincero. Talvez o pecado seja tudo que você tem e o arrependimento pareça não fazer sentido algum em sua vida. Você luta, mas não consegue abandonar as velhas práticas. Provavelmente – como fora comigo –  sua percepção esteja equivocada e o martírio impulsionado pelo sentimento de culpa represente o escape para aplacar sua angústia, sua dor, seu vazio existencial carcomido pelo peso do pecado. 

Querido(a), saiba que somente uma percepção clara sobre a obra da redenção em Cristo Jesus poderá leva-lo para as águas tranquilas. A percepção de perdão recebido e de arrependimento genuíno deve estar vinculada aos feitos de Cristo, jamais aos nossos.

Somente por Ele entendo quem realmente sou. Somente por Ele encontro forças para o perdão. Somente por Ele encontro paz em mim mesmo para um arrependimento sincero. 

Nas palavras de Santo Agostinho: “Tu me chamaste, e teu grito rompeu a minha surdez. Fulguraste e brilhaste e tua luz afugentou minha cegueira. Espargiste tua fragrância e, respirando-a, suspirei por ti. Eu te experimentei, e agora tenho fome e sede de ti. Tu me tocaste, e agora ardo no desejo de tua paz” (Santo Agostinho, Confissões).